Caia a noite na cidadezinha tão longe do céu e todos os habitantes insólidos puderam ver pela primeira vez, como num deslumbre, a sombra compacta da estranha que por ali rondava.
Ninguém perguntara a ela, nem mesmo tentaram acenar de longe, como estava deslocada.
Onde todo mundo se conhece, quem não sabe donde vem é que tem medo de se reconhecer.
Na avenida central, a banda se remexe. Porque é domingo. E domingo domina o cloreto.
Mas a gente sempre sabe, sabe que aquela menina que ronda hoje por aqui, não nos pertence. Nos olhos dela esta a calma de quem vê o que não se sente.
Estamos a observar, aonde quer que vá.Qual é o preço da destilação de origens? Eu pago
Pra ver do que é feito o mel de seu olhar, que me gruda. Cola logo em mim que te carrego bem longe daqui, pronde não te caçam.
No crepúsculo que despedia o dia, ela morou comigo por longos anos eternos, e nos viramos
Juntos para sumir deste lugar inóspito, hipócrito. Já de repente
O mundo estava num misto de rosa choque vermelho vivo laranja mecânico.
Ela se afasta, peito arfando, decidida a se mandar dali. Eu quero que saiba que pode voltar
Mesmo sabendo que de nada adianta. Afundo na cidade que um dia fundara.
Mal me quer-bem me quer, sei que não voltará pra essa terra sem estranhos. Temo
A chama das horas que me deglutirão,
Sozinho
Bem no meio da cidade amada.